quinta-feira, 17 de julho de 2008

Veja trechos do livro "A lenda das Conchas"

Capítulo 1 - primeiro paragráfo
"Quando eu me descobri gay tinha dezessete anos e era um jovenzinho arrogante de classe média. Troquei as tradicionais baladas com os amigos por uma sucessão de encontros e desencontros nas boates gays e era intenso em todas as experiências vividas ao longo da minha nova vida sexual. Nunca tinha levado uma garota para cama, mas na minha primeira transa com um homem me entreguei totalmente e a partir daí não conheci mais limites para os meus desejos e minhas fantasias."

Capítulo 1 - Último paragráfo
"Aos vinte e dois anos, eu já não era tão arrogante, me mantinha na classe média, tinha mudado minha maneira de ver as coisas e me descobri portador do vírus HIV. Com o diagnóstico confirmado, chorei abraçado a minha mãe por longos minutos. O médico fechou a porta e nos deixou trancados naquele quarto onde dois dias depois já estava me servindo dos remédios que tinham a intenção de me deixar vivo. Eis que minha história pode parecer triste, mas ainda assim resguardo muitos momentos de alegria."

Trecho do Capítulo 2
"Caio e Rafael se entreolharam. Caio podia jurar que ali aconteceria o primeiro beijo entre os dois, mas as circunstâncias ainda não eram propicias. Um estrondo veio do banheiro e eles não conseguiram conter as gargalhadas ao encontrarem uma Lúcia caída com as pernas para cima e totalmente desacorda. Passaram o resto da madrugada tentando confortá-la numa cama e parando constantemente para conter os acessos de riso e tomar fôlego para carregá-la. Não houve beijo, mas para o início de uma história estava tudo indo muito bem."

Novela Mexicana exibe vídeos gays



Para acompanhar a novela basta pesquisar no Youtube "Cor de la ciutat" inclusive os capítulos exibidos no Mexico são postados todos os dias.

Enquanto no Brasil o polêmico beijo gay ficou restrito a um "beijo roubado" na minissérie "Queridos Amigos", no México uma caminhão deles pode ser visto todos os dias nos capítulos da novela "Cor de la ciutat". Os protagonistas da trama são gays e o enredo mostra histórias do gênero de forma natural e mostrando os conflitos como acontecem na vida real. Existem também tramas heterossexuais o que dá mais naturalidade ainda a produção. No vídeo postado aqui confira alguns lances, inclusive de beijos do casal principal e no Youtube há muitos vídeos da produção mexicana.

Existe rivalidade entre gays e lésbicas? Lúcia explica...

Post escrito pela personagem Lúcia


Um viva para este espaço adquirido com muito custo! Enfim, eu, uma lésbica, poderei sensibilizar a todos com as minhas experiências, porque assim foi me concedido o direito. Aproveito para começar dizendo suspeitar de uma pequena (ou grande) rixa dos homens gays para conosco.
Especificando o Brasil, um amigo meu afirmou, que nós (sapatonas, para usar um termo vulgar) temos mais aceitação diante da sociedade. Tudo baseado na idéia dos homens (heteros) observarem a relação feminina de uma forma mais natural. Isso porque duas mulheres juntas está na fantasia sexual de uma boa porcentagem dos homens e o vice-versa não atrai tanto. Alegam também, o fato das lésbicas beijaram ou ficarem com um cara com mais frequência e normalidade, ou seja, ir ao encontro do sexo oposto quando a maré não está boa.
Não concordo. Se de um lado temos esta "aceitação" camuflada por questões não muito confiavéis, o "mercado" ainda não nos descobriu. As revistas brasileiras especializadas no assunto são voltadas para o público masculino. Quando vão criar a "L" de lésbica ou "S" de sapatona. Não vale citar a Playboy. É mulher sim, mas não tem essência.
Na televisão, fale-se tanto da polêmica de um beijo gay numa novela, mas sempre citando dois homens. Duas mulheres não chocaria também a sociedade? Produtos para nós, é escasso. Boates são construídas e estruturadas para homens... Saunas femininas, alguém já pensou?
Talvez pelas lésbicas estarem num corpo feminino, fator de repúdio para muito gay, exista um pequeno atrito entre as duas classes pertencentes ao mesmo grupo. É uma prosa para longo papo, mas gostaria muito de saber a opinião da galera a respeito desse fricote. Os comentários estão aí para isso e no proxímo post, meninas preparem-se: Venho com uma lista com sites, comunidades e locais especialmente feito para nós, meninas que curtem meninas! Beijo cor de rosa para todos...

"Como peguei AIDS? Eu te explico..."

Post escrito pelo personagem "Eduardo"
Não nego. Vacilei e por consequência direta, paguei da pior forma possível. Sempre fui "porralouca", desmedido e sexo pra mim era diversão. Hoje não é mais. Tenho o vírus HIV, AIDS, sou soropositivo ou qualquer outra demoninação que isso tenha. A diversão acabou, porque o prazer da brincadeira era transar das formas mais loucas e excitantes e estas, quase sempre não incluiam o uso da camisinha.
Não sei quem passou, como peguei, ou o porque da contaminação, mas as vezes eu fico imaginando onde, como, quando e com quem... Enumero as situações de risco pelas quais passei e o ponto de interrogação é a maior frustração. Pode ter sido numa sauna, mas eu não transei com ninguém por lá sem camisinha, tinha nojo do lugar, mas se bem me lembro coloquei a boca no pau de muita gente e pelo que me consta, mesmo sendo as chances remotas, é possível. Sexo oral transmite? Uns dizem que sim, outros dizem que não, alguns falam talvez... então, já que é um saco chupar com um plástico por cima, é melhor escolher alguém de confiança. Confiança? Foi pela confiança que cai no papo daquele carinha... Estava tudo ótimo, amassos, beijos, até que na hora "h" faltou preservativo. Ele me perguntou com uma carinha tão bonitinha: "Eu confio em você, você confia em mim?"... Eu fiz "Hã?" e ele retrucou: "Eu me garanto e você? Fiz exame e tá tudo direitinho". Eu não tinha certeza, mas estava pegando fogo e ele até apelou: "Relaxe, eu não vou gozar dentro". "Ahhhhhh, então tá..." - Dei mole, eu sei. E eu fico me perguntando... Como isso é chocante para mim! Chocante no sentido de "chocado" mesmo! Sempre li, vi filmes, conversei com amigos sobre o assunto e eu sabia da importância do uso e dos riscos do não-uso. Quando acontecia e a consciência pesava eu pensava:"Da proxíma vez eu não repito". Promessas... E o medo do exame? Descobri que pode se fazer gratuitamente, mas tinha medo do resultado. Sei lá, de repente dá positivo e como eu fico? Melhor não saber.
E eis que o destino me revelou do mesmo jeito. Foi foda quando soube. Chorei, minha mãe chorou (alguém tinha que saber e nessas horas, a mãe sempre vem em primeiro lugar para ajudar a segurar a barra). A primeira coisa que vem na mente é: "Vou morrer". A segunda é: "Que porra, porque não usei o caralho da camisinha". Por último vem a vergonha. Pode-se inverter a ordem que o resultado não se altera. Mas eu fiquei imaginando o quanto era ruim já ser discriminado por ser gay, imagine agora um "gay aidético". E logo eu que nunca achei que fosse acontecer comigo. Foda fazer parte destas estatísticas. E mais foda ainda é vê as pessoas fazendo pouco caso de uma coisa tão séria.
Passeando pelo orkut, quando cliquei em comunidades e pesquisei o tema AIDS, qual meu espanto que a a maior comunidade sobre o assunto é uma FRAUDE. "EVITE AIDS, TRANSE COMIGO". Para evitar, basta usar camisinha e você pode transar até com o mendigo da esquina se tiver coragem. Tirando duas ou três comunidades "construtivas", tem até o presente momento que escrevo este post, 3.488 pessoas fazendo parte do grupo: "AVRIL LAVINE É QUE NEM AIDS". Porque? Não sei. Não escuto. Para competir, "RDB É QUE NEM AIDS, NÃO TEM CURA", com 2.570 membros e mais uma infinidades de coisas que é igual a AIDS... Banalizaram tanto a palavra. Talvez as pessoas contaminadas não queiram aparecer num meio tão exposto como o ORKUT. Nas comunidades ditas "sérias", existem muitos post anônimo e os membros preferem citar "um amigo com a doença". Eu confesso, não me revelaria de tal maneira. Acho o Brasil um país muito preconceituoso ainda. Mas um preconceito violento e maléfico. As pessoas não se contentam em olhar de lado, precisam ferir as outras para expor o quanto as repudiam. Mas pauso por aqui. Até o proximo post e se cuide.

O Blog

Escrever sempre foi e será a minha maior motivação. Este Blog é uma extensão experimental do livro "A lenda das Conchas" e espero colocar aqui coisas que não puderam está no livro e acredito merecem ser discutidas, ao menos expostas. Sintam-se a vontade para comentar e fazer deste espaço uma extensão da história do Caio, do Eduardo, da Lúcia e de tantos outros personagens que poderiam ser a nossa...